Oração (Estudo Bíblico)


1 Jo 5:14-15 "E esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito."



Deus tem um propósito a realizar, mas Ele precisa que o homem esteja disposto a orar, para que se estabeleça a Sua vontade aqui na Terra. 


Esta é a função da oração, preparar um caminho para que Deus realize a Sua vontade, assim como uma locomotiva necessita dos carris para andar, Deus “necessita” da oração do homem para realizar a Sua vontade, sendo assim o homem deve fazer com que a sua vontade seja unida com a vontade de Deus para que sejam estabelecidos os Seus desígnios, como podemos ver em 1 Jo 5:14-15 "E esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito."


A oração tem como objectivo que nós venhamos a fazer com que a vontade de Deus se estabeleça aqui na terra. Desta forma, devemos conhecer melhor a vontade de Deus, para que as nossas orações sejam agradáveis a Deus e os nossos propósitos sejam cumpridos.

A oração é o estabelecer um diálogo entre o homem e Deus, sendo que, devemos estar atentos à resposta de Deus, que vem através do nosso espírito ou através das circunstâncias exteriores. É através da oração que nós colocamos as nossas ansiedades nas mãos de Deus, crendo que Ele é poderoso para dar-nos paz interior, e resolver nossos problemas da melhor maneira possível para nosso crescimento espiritual. 

Devemos estar sempre em comunhão, para sermos guardados das tentativas de Satanás em levar-nos ao pecado. Podemos dizer que a oração é o nosso termómetro espiritual, quando nós não conseguimos orar, indica que não estamos bem espiritualmente. Devemos aprender a observar o falar divino no nosso espírito, enquanto estamos a orar, pois Deus comunica-se connosco através do nosso espírito, mas cabe a nós, utilizando o nosso conhecimento bíblico, discernir-mos se é ou não de Deus este falar, pois o inimigo pode também tentar enganar-nos, lançando pensamentos em nossa mente que subtilmente nos podem induzir ao pecado.

Vamos analisar o texto da Bíblia mais importante sobre a oração, que se encontra em Mt 6:5-13


5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
11 o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
13 e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!

A oração não é algo formal, para atrair a atenção dos homens, como faziam os fariseus, e por isso foram condenados (v. 5). Eles estavam acostumados a orar formalmente 18 vezes ao dia, segundo as leis herdadas dos antepassados, e observavam com rigor pontual os horários destinados à oração, onde quer que estivessem. Por isso, com frequência eram obrigados a orar em público, e os judeus, admirados, sempre os surpreendiam em suas práticas nas esquinas das ruas. A oração passou a ter, então, carácter de mero ritualismo, sem consistência espiritual, onde o que contava era a exterioridade sofisticada de palavras vazias para receber o louvor humano.

A oração também não é como a reza, uma repetição interminável de enunciados que não traduzem os sentimentos do coração (v. 7). Este era o costume dos gentios, adeptos das religiões politeístas, que horas a fio repetiam mecanicamente as mesmas palavras diante dos seus deuses, o que mereceu a veemente reprovação do Senhor Jesus, pois o mesmo estava a ocorrer com os praticantes da religião judaica.

Afinal o que é a oração? 
A melhor definição encontra-se na Bíblia. Nenhum conceito teológico expressa com a mesma clareza e simplicidade o que ela significa. A oração é segundo as Escrituras, “uma estrada de dois sentidos” através da qual o crente, com o seu clamor, chega à presença de Deus, e este vem ao seu encontro, com as respostas. 

Jr 33:3 "Invoca-me, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes."

A oração é o fruto espontâneo da consciência de um relacionamento pessoal com o Todo-Poderoso, onde não há espaço para o monólogo, pois quem ora não apenas fala, mas também precisa estar disposto a ouvir. 


É um diálogo onde o crente aprofunda a sua comunhão com Deus e ambos conversam numa linguagem que tem como intérprete o Espírito Santo Rm 8:26-27 "Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossas fraquezas; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos." 

A Bíblia é o livro da oração. As suas páginas evocam grandes momentos da história humana que foram vividos em oração. Compare Jz 10:12-15 "e os sidônios, e os amalequitas, e os maonitas vos oprimiam, e vós clamáveis a mim, não vos livrei eu das suas mãos? Contudo, vós me deixastes a mim e servistes a outros deuses, pelo que não vos livrarei mais. Ide e clamai aos deuses que escolhestes; eles que vos livrem no tempo do vosso aperto. Mas os filhos de Israel disseram ao SENHOR: Temos pecado; faze-nos tudo quanto te parecer bem; porém livra-nos ainda esta vez, te rogamos.;" e 2 Rs 6:17 "Orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O SENHOR abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.".

Desde o seu primeiro livro, Génesis, até Apocalipse, fica claro que orar é parte da natureza espiritual do ser humano, assim como a nutrição é parte do seu sistema fisiológico. 


Os grandes fatos escatológicos, como previstos no último livro da Bíblia, serão resultado das orações dos santos, que clamam a Deus ao longo dos séculos pelo cumprimento de sua justiça Ap 5:8 "e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos,"; 

Ap 8:3-4 "Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos."

Orar não pode ser visto como ato de penitência para meramente subjugar a carne. Em nenhum momento a Bíblia traz essa ênfase. 


Oração não é castigo (assim como a leitura das Escrituras), ideia que alguns pais equivocadamente passam para os filhos, quando os ordenam a orar como disciplina por alguma desobediência. Eles acabam por criar uma verdadeira aversão à vida de oração, desconhecendo o verdadeiro valor que ela representa para as suas vidas, por terem aprendido pela prática a reconhecê-la apenas como meio de castigo pessoal. 


Ao contrário, se aprenderem que orar é um acto que eleva o espírito e brota de maneira espontânea do coração consciente de sua indispensabilidade, como ensina a Bíblia, saberão cultivar a oração como exercício de profunda amizade com Deus que resulta em crescimento espiritual Cl 1:9 "Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;" 

De igual modo, o mesmo acontecerá connosco.
Podemos observar o valor da oração, observando os heróis da fé, descritos em Hebreus 11, que exercitam a sua fé através da oração. Não só eles, mas outros personagens da Bíblia tiveram igual experiência. 

Abraão subiu ao monte Moriá, para o sacrifício de Isaque, porque o seu nível de comunhão com Deus através da oração era tal que ele sabia tratar-se de uma prova de fé Gn 22:5-8 "Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós. Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos." É o exemplo da oração que persevera e confia. 



Enoque viveu a oração de maneira tão intensa que a Bíblia o denomina como aquele que andava com Deus Gn 5:24 "Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si." É o exemplo da oração em todo o tempo. 

Moisés trocou a honra e a opulência dos palácios egípcios porque teve o privilégio de falar com o Senhor face a face e com ele manter íntima comunhão toda a vida, (ver Êx 3:1-22 e Ex 4:1-17), ele é o exemplo da oração que muda as circunstâncias. 

Entre os profetas destaca-se, Elias, cujo exemplo Tiago aproveita para ensinar o que o crente sujeito às mesmas fraquezas, pode diante de Deus Tg 5:17-18 "Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos." É o exemplo da oração que supera as limitações humanas. 

Esses heróis são as testemunhas mencionadas em Hb 12:1 "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta," 


Ou seja, se eles, que não viveram na dispensação do Espírito Santo, tiveram condições de viver de modo tão intenso na presença de Deus, quanto mais o crente, hoje, que conta com o auxílio permanente e directo do Espírito Santo, movendo-o para uma vida de oração. Todos os crentes necessitam, devem e podem ter mesma vida de oração que os santos da Bíblia e tantos outros que a história eclesiástica regista, como George Muller, John Hide, Lutero e Watman Nee.


O maior exemplo de oração, no entanto, foi o próprio Mestre. Sendo Ele o Filho de Deus, cujos atributos divinos lhes asseguravam o direito de agir sobrenaturalmente, podia dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao humanizar-se, esvaziou-se de todas as prerrogativas da divindade e assumiu em plenitude a natureza humana. 

Fp 2:5-8 "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz." 

Experimentado em todas as circunstâncias inerentes ao homem, inclusive a tentação 

Hb 4:15 "Porque não temos sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado."
Mt 4:1-11 "A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram."
 
Ora, isto significa que o Senhor dependeu tanto da oração como qualquer outra pessoa que se proponha a servir integralmente a Deus. Ela foi o instrumento pelo qual pôde suportar as afrontas, não dar lugar ao pecado, tomar sobre si o peso da cruz e vencer o maligno 

Mt 26:36-46 "Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima."

Os evangelhos registam a vida de oração do Mestre. Ele orava pela manhã
 
Mc 1:35 "Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava."
à tarde,
Mt 14:23 "E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só."
e passava noites inteiras em comunhão com Deus.
Lc 6:12 "Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus."
Se Ele viveu esse tipo de experiência 24 horas por dia, de igual modo Deus espera a mesma atitude de cada crente. Não apenas uns poucos minutos, com palavras rebuscadas de falsa espiritualidade, para receber as honras dos homens, mas em todo o tempo, como oferta de um coração que se dispõe a permanecer humildemente no altar de oração.

Níveis, Tipos, Formas, Posições e Lugares de Oração

A Bíblia manda-nos orar (Mt 26:41; Mc 14:38; 1 Ts 5:17) com todo o tipo de oração (Ef 6.18). Há diversos tipos ou espécies de oração e cada um deles segue princípios claros. Há orações que não buscam necessariamente alguma coisa de Deus. Outras visam alterar uma circunstância na nossa vida ou na vida de terceiros. Deus deseja ouvir todos os tipos de oração (Sl 65:2; Pv 15:8b).


1 – NÍVEIS DE ORAÇÂO
Poderíamos classificar as orações em três níveis diferentes: Deus, nós e os outros. Dentro de cada um desses níveis há diversos tipos de oração:

            1.1 Deus como centro das nossas orações.
            Há orações que são dirigidas a Deus, visando Deus mesmo, o que Ele é, o que Ele faz e o que Ele nos tem feito.
                        Acções de Graça – É a expressão do nosso reconhecimento e gratidão a Deus pelo que Ele tem feito. Exemplo (Sl 103)
                        Louvor - São expressões de louvor a Deus pelo que Ele faz. Louvar é reunir todos os feitos de Deus e expressá-los em palavras, numa atitude de exaltação e glorificação ao Seu Nome, que é digno de ser louvado. Exemplo: (Sl 46; Lc 1:46-55).
                        Adoração – É o tipo de oração que exalta a Deus pelo que Ele é. É o reconhecimento do que Ele é. É a resposta do nosso amor ao amor Divino. Exemplo (Sl 100; 1 Sm 2:1-10).

            1.2 Nós mesmos como o centro das orações.
            Aqui vamos a Deus para apresentar as necessidades pessoais.
                        Petição - É “um pedido formal a um poder maior”. É a apresentação a Deus de um pedido, visando satisfazer uma necessidade pessoal, tendo como base uma promessa de Deus. Exemplo: (Sl 59).
                        Entrega - É a transferência de um cuidado ou inquietação para Deus. É lançar o cuidado sobre o Senhor, com um consequente descanso. Essa oração é feita quando um cuidado, um problema ou inquietação bate-nos à porta. Exemplo: (Sl 38; 2 Cr 20:5-12).
           

            1.3 Os outros como centro das nossas orações
            Aqui vamos a Deus como sacerdotes, como intercessores, levando a necessidade de outra pessoa. Interceder é colocar-se no lugar de outro e pleitear a sua causa. Exemplo: (Jo 17).


2 - TIPOS DE ORAÇÃO


 Assim como existiam vários tipos diferentes de sacrifícios que o sacerdote oferecia a Deus ( leia Lev 2, 3, 4, 5 e 6 ) também a oração precisa ser entendida em como ser apresentada a Deus pelos diferentes tipos que veremos abaixo:

 a) Oração de Acções de Graças – (Jo 11:41; Sl. 35:18, 50:23, 69:30; Jr 33:11; II Co 4:15; Ef 5: 4,20; Fp 4:6) – atitudes ou actos de gratidão não é o simples fato de agradecer ou dizer obrigado, mas a expressão de um coração agradecido.

  b) Oração de Louvor – (Mt 6:13c; Sl 18; 19; 75; 81; 84) – Significa elogio. Portanto, aplicando isto a Deus é justamente elogiá-LO por tudo quanto Ele fez e é. ( Ele é Poderoso, Santo, Tremendo, Misericordioso, Rei de toda a Terra, Maravilhoso, deu vida, dá-me paz, livra-me do mal, sustenta-me, etc )

  c) Oração de Adoração – (I Cr 29:10-12; Ne 9:5-6) – O homem foi criado para adorar ao Criador – (Ef 1:5-12), e nunca estará completo se não for nesta posição. Neste tipo de oração estão envolvidas quatro atitudes: 1) quebrantamento, 2) humildade, 3) amor e 4) dádiva.

d) Oração de Petição ou Súplica – É o tipo de oração mais usada, a mais comum; arriscamos dizer até que na maioria das vezes não fazemos outro tipo de oração. Mas o Senhor Jesus a ensinou (Mt 7:7; Jo 14:13,14 e 16:23,24) e seus apóstolos também (Fp 4:6; Tg 4:2,4; I Pe 5:6,7).

Com certeza temos que apoiar os nossos pedidos na legislação do Reino de Deus: a Bíblia. É bom que tenhamos uma promessa na Palavra para cada pedido que fizermos. Antes de pedir, defina e identifique a necessidade, certifique-se de que ela é real e de que a Palavra de Deus lhe dá a garantia quanto à tal necessidade.

Destaquemos duas atitudes necessárias ao orar, pedindo alguma bênção:

1º) Fé – (Mt 21:22; Mc 11:23,24; Hb 4:16)

2º) Persistência – (Lc 18:1-7)

 e) Oração de Dedicação de Crianças (Mc 10:13-16) – É a oração onde são impostas as mãos sobre as crianças para de uma forma pública as “entregar” a Deus.

  f) Oração de Entrega e Dedicação Pessoal Quando os ataques do mundo coincidem com os da carne, resultando angústia, frustração e desânimo, gerando um conflito entre o homem interior e o homem exterior, e a preocupação parece não ter fim, é a hora de entregar tudo ao Senhor, tomar os fardos e colocá-los ao pés da cruz e descansar n’Ele – (Sl 37:5; Lc 23:46; Fp 4:6,7; I Pe 5:6,7).

(Gn 22:1-18; Mt 26:39). É o tipo de oração (dedicação pessoal) que expressa renúncia, quando estamos em conflito em relação à vontade de Deus voluntariamente nos consagramos e começamos a orar “se for a Tua vontade” e mais adiante estamos orando “seja feita a Tua vontade” e depois estamos a orar “seja feita a Tua vontade e não a minha”  e mais um pouco estamos a dizer “Senhor eu só quero fazer a Tua vontade” e chegamos a dizer: “Pai, eu consagro a Ti o meu livre-arbítrio”.

  g) Oração de Intercessão – (Jo 17:9). É tomar o lugar de alguém numa necessidade ou problema, pleiteando a sua causa como se fosse própria. Esta é uma arma muito eficaz na batalha espiritual. Quando alguém está desanimado e até pensa em desistir de seguir a Jesus, levanta-se o intercessor – (Jr 1:12). A intercessão muda as circunstâncias – (Gn 18:22,23). Ela faz parte do viver diário dos santos – (Ef 6:18).

  h) Oração de fé por si mesmo. (Mc 11:24):

  i) Oração no Espírito – (1 Co 14:2-4,14) Depois do baptismo no Espírito Santo com a evidência de falar em novas línguas, ficamos aptos a falar directamente com Deus, de espírito para Espírito.

Podemos citar outros tipos de oração como de consagração, de renúncia, de libertação, de guerra, etc. Precisamos oferecer o sacrifício específico para o momento específico porque orarei com o espírito mas também orarei com o entendimento. ( 1 Cor 14:15 ).

Além dos diversos tipos de oração precisamos saber que existem formas diferentes de orar, citaremos as 3 mais importantes:

3 - FORMAS DE ORAÇÃO
  3.1 Privada – (Mt 14:23; Mc 6:46; Lc 6:12). Quando Jesus se retirava para montes ou desertos para orar; não era apenas para não ser interrompido, mas também para falar ao Pai em secreto. Assim como um casal, vai amadurecendo o seu diálogo, assim também acontece com o discípulo e o seu Senhor.
  3.2 Concordância – (Lc 9:28; Mt 18:18,19; Mc 10:51,52). Em algumas ocasiões o Senhor Jesus perguntava aos que iam ser curados qual era o desejo deles, para com isto gerar a concordância – (Gn 11:.6). Pedro e João (At. 3:1-3), Paulo e Barnabé (At 14:6-12), e Paulo e Silas (At 16:25-31). A oração de concordância é uma arma poderosa e aponta para a unidade e gera força.
  3.3 Colectiva (At 4:24-31) (grupo) – É a de concordância multiplicada. Um grupo ou toda Igreja local unida no mesmo propósito, apresentando juntos a sua necessidade. Deus opera tremendamente o Seu poder nesta forma de oração.

4 - POSIÇÕES NA ORAÇÃO
É possível orar de várias formas, vejamos alguns exemplos bíblicos:

 4.1 De pé (1 Sm 1:10,26 - Lc 18:11)
 4.2 De joelhos (Dn 6:10 - Lc 22:41;
Rm 14:11; At 21:5)
 4.3 Curvando a cabeça, e inclinando-a à terra (Êx 12:27 ; 34:8)
 4.4 Prostrado (Nm 16:22 ; Mt 26:39).
 4.5 Mãos estendidas (
Sl 134:2; Sl 63:4; 1 Tm 2:1-8)


5 – LUGARES DE ORAÇÃO
É possível orar em qualquer lugar, vejamos alguns exemplos bíblicos:

 5.1 Dentro do ‘grande peixe’ (Jn 2:1)
 5.2 Sobre os montes (1 Rs 18:42 - Mt 14:23)
 5.3 No terraço da casa (At 10:9)
 5.4 Num quarto interior (Mt 6:6)
 5.5 Na prisão (At 16:25)
 5.6 Na praia (At 21:5)
 5.7 No templo, que também era chamada de ‘casa de oração’ (Lc 18:10),

6 – A ORAÇÃO DO PAI NOSSO
Mateus 6:9-13.

     Jesus deixou-nos o padrão perfeito para uma oração.
     A oração do Pai Nosso, define a natureza de Deus e apresenta o modo como o homem deve apresentar-se diante d’Ele.
 
     Por ser uma oração modelo, contém os elementos básicos de uma oração:
•          Louvor e adoração a Deus;
•          Petições pessoais;
•          Interesses do Reino;
•          Confissão;
•          Pedido de perdão;
•          Súplica de protecção;
•          Encerramento com louvor.
 
OU SEJA:

     Reconhecimento da soberania divina (Pai nosso, que estás nos céus,);
     Reconhecimento da santidade divina (santificado seja o teu nome;);
     Reconhecimento da vinda do reino no presente e sua implantação no futuro (venha o teu reino;);
     Submissão sincera à vontade divina (faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;)
     Reconhecimento que Deus supre as nossas necessidades pessoais ( o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;);
     Disposição de perdoar para receber perdão (e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;);
     Protecção contra a tentação e as acções malignas (e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal);
     Livres para adorar a Deus em Sua glória (pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!).

     Nesta oração, Jesus oferece a fórmula para o desenvolvimento espiritual do crente.
     Quanto mais a Igreja fizer uso de orações fundamentadas na Oração do Pai Nosso, tanto melhor compreenderá a importância da comunhão com Deus Pai e, como resultado, alcançará a unidade entre os irmãos. Todos numa só fé, num só espírito.

     Esta oração contém todas as necessidades básicas do homem, ficando bem claro, que essas necessidades são tanto espirituais quanto materiais. Aliás, fica estabelecida uma proporção equilibrada e correcta entre ambas. Fica também claro, que tais proporções devem ser mantidas pelo crente, durante sua vida na terra.
 
     Os interesses pessoais não devem ser maiores que os objectivos do Reino; nem a preocupação com o céu suplantar ou reprimir as necessidades físicas.
     O excesso, em qualquer nível, resulta em distorção na vida cristã prática. A preocupação com céu deve ser tão real, quanto são as necessidades materiais do crente.
 
     A Oração do Pai Nosso, por ser modelo, não deve ser repetida mecanicamente, mas deve ser gravada no coração e na mente, para que o crente possa lembrar-se de sua condição de filho de Deus e como tal, da sua responsabilidade na busca de comunhão com o Pai. Os princípios (verdades) contidos na oração que Jesus ensinou, devem estar sempre presentes nas orações do servo de Deus.

     Princípios são para serem obedecidos, porque funcionam como leis que se forem transgredidas causam danos. As emoções e as palavras devem estar sob o domínio do Espírito e nunca sob os impulsos da alma ou da vontade.

     A Oração do Pai Nosso mostra-nos que um dos objectivos que deve estar implícito em cada oração é o estabelecimento da vontade de Deus na terra.
 
7 – A ORAÇÃO DO PAI NOSSO PODE SER DIVIDIDA EM TRÊS PARTES:
 
7.1 - Invocação:
“Pai nosso que estás nos céus”.
 
7.2 - Petição: (contém 7 pedidos)
Três referentes a Deus:
• Santificado seja o Teu nome;
• Venha o Teu Reino;
• Seja feita a Tua vontade assim na terra como nos céus.
 
Quatro referentes ao homem:
• O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
• Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
• Não nos deixes cair em tentação;
• Livra-nos do mal.
 
7.3 - Doxologia: (dividida em 3 partes)
• Teu é o Reino;
• Teu é o poder;
• Tua é a glória.

Nota: A doxologia (Do grego δόξα [doxa] "glória" + -λογία [-logia], "palavra") foi uma fórmula de louvor e glorificação frequente no Antigo Testamento aplicada a heróis e heroínas e principalmente a Deus. No Novo Testamento, embora apareça referida a pessoas humanas (especialmente a Maria e Isabel), dirige-se habitualmente a Deus.
Na tradição da Igreja, foram-se fixando desde os primeiros séculos várias fórmulas de doxologia, para uso litúrgico e da devoção popular, de que a mais divulgada é “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo…”. Entre os hinos, têm especial importância o “Glória a Deus nas alturas...” Merece também referência a série de aclamações que começa com “Bendito seja Deus...”.
A glorificação também é compreendida como a última fase do processo da salvação; sendo que este processo envolve três fases que se relacionam entre si, primeira fase: justificação, segunda fase: santificação e por fim a glorificação.
 
8 - INVOCAÇÃO
     “Pai nosso que estás nos céus”. V. 9.

     É a parte inicial da oração onde é designado o nome de Deus, a quem se destina a oração.
     A invocação é a declaração que o crente faz de que a sua oração é dirigida ao único Deus, Senhor e Criador dos céus e da terra.
 
8.1 – “Pai”
 
     Durante o período do Antigo Testamento, Deus era reconhecido como o Pai de um povo. Malaquias 1:6 e 2:10; Jeremias 31:9 e Salmos 89:26.
 
     “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão nos não conhece, e Israel não nos reconhece;
tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade  é o teu nome”. Isaías 63:16.
 
     “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó”. Salmos 103:13-14.
 
     A história de Israel, desde suas origens pagãs, mostra-nos que a nação surgiu, foi formada e conduzida pelas mãos de um Deus que agiu como um Pai que cuida do seu filho. Entretanto, essa condição de filho, foi perdida porque os judeus rejeitaram o plano de Deus, quanto à pessoa de Jesus.
    Com o fim da Lei e a “entrada” da Graça, tornar-se um filho de Deus, passou a ser uma questão de escolha pessoal. João 1:14; João 3:16; Romanos 8:29; Gálatas 4:5-7 e Apocalipse 1:5.
 
     “Assim que já não és mais servo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo”. Gálatas 4:7.
 
     “Todos os que são guiados pelo o Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”. Romanos 8:14.
 
     “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser”. I João 3:2a.
 
     Quem considera Deus como Pai está convicto da filiação, porque pode manter comunhão com Ele. O conhecimento pessoal de Deus dá-se através de Jesus que disse:  “Quem me vê a mim vê ao Pai”. João 14:9b.
 
     Deus, o Pai, deseja que os seus filhos o busquem com intimidade e que confiem n’Ele, sem nenhuma reserva.
 
8.2 – “NOSSO”
 
     Cada pessoa tem um pai terreno, e o trata de “meu pai, papá, paizinho”, porque ele é o seu pai e não o pai de um estranho.
 
     Aprouve a Deus, que fossem chamados filhos seus todos os que n’Ele crêem. A paternidade de Deus não é privativa de alguém, mas refere-se a todos os remidos pelo Sangue de Jesus. Deus é o Criador de todos os homens e Pai de todos os que se entregam a Ele.
     Quando a pessoa se refere a Deus como Pai Nosso é porque se considera participante da família que Deus reuniu em torno de Jesus. Essa é a consciência de todo filho de Deus: de que é um integrante da família de Deus, o Corpo de Cristo, a Igreja.
 
     “... recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Romanos 8:15b e 16.
 
     É como um participante dessa família que o crente ora.
      A Bíblia diz:
     “Um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém chameis vosso Pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus”. Mateus 23: 8b e 9.
 
     A paternidade de Deus é válida para a eternidade. A família terrena é limitada e falível. De um pai humano alguém pode guardar mágoas, muitos vivem sem ter pai, outros com pai adoptivo. Deus  propôs-se a, tornar-nos seus filhos em vez de somente suas criaturas. Da nossa parte, precisamos assumir essa filiação, considerando Deus como nosso Pai. Só então, sentiremos a presença de Deus em nós e estaremos seguros em relação ao rumo da nossa vida, pelo cuidado e protecção que provém de um verdadeiro Pai.

     Nosso - Pai Nosso - pressupõe a ideia de igualdade porque todos, os que crêem, são filhos de Deus.  

     Logo após a ressurreição, no encontro com Maria Madalena, Jesus deu-lhe a incumbência de anunciar, aos demais, a sua ressurreição dizendo-lhe:
 
     “... vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. João 20:17.
 
     Reforçando mais uma vez, a ideia de unidade entre irmãos de uma só família. Ele, Jesus, poderia dizer meu Pai e Meu Deus, por ser o Unigénito, o Filho de Deus. Nós somos filhos “por adopção”. Romanos 8:15 e Gálatas 4:4-5.
 
8.3 – “QUE ESTÁS NO CÉU”
 
     É importante estarmos convictos da distância entre o céu e a terra, entre a realidade concreta e a realidade invisível, onde está o trono de Deus. Quando oramos, declaramos nossa certeza de que Deus está acima de todas as coisas e, que nós devemos nos aproximar d’Ele com “temor e tremor”, isto é, com toda a reverência e submissão. A criatura em total dependência do seu Criador.
 
     Toda oração deve ser feita em nome de Jesus, mesmo que não tenha ficado explícito na oração do Pai Nosso, este princípio está presente em toda a Bíblia.
     Ao aceitarmos Jesus, como Mediador entre Deus e os homens, consideramos que, ainda que não esteja claro na Oração do Pai Nosso, o nome de Jesus encontra-se implícito aí, porque só podemos ter contacto com Deus por meio d’Ele. Ao iniciar seu Ministério, Jesus apresentava as obras de Deus. Somente ao poucos, seria revelada a Sua natureza divina, e então, Ele diria, mais tarde:
 
     “Tudo o que pedirdes em Meu Nome , eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”.
João 14:13-14 e João 16:23-24.

9 - PETIÇÃO
 
     Encontramos na Oração do Pai Nosso, três pedidos referentes a Deus. Mateus 6:9-10.
•          Santificado seja o Teu Nome;
•          Venha o Teu Reino;
•          Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu.
 
9.1 – “SANTIFICADO SEJA O TEU NOME”
 
     É Deus quem santifica o Seu próprio nome.
     É impossível ao homem fazê-lo. 
     O homem natural, isto é, o homem afastado de Deus, sem ter seu espírito aberto, não pode distinguir entre o santo e o profano. Somente depois do novo nascimento com a consciência purificada com o sangue de Jesus, estaremos capacitados a julgar entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, e a conhecer a justiça e a misericórdia de Deus. (Hebreus 9:14)

     Deus é santo. A santidade faz parte da natureza de Deus, e, Ele deseja que seu nome seja santificado entre os homens e, esse propósito só pode ser alcançado através da Igreja. Cabe, então, aos crentes desejar a mesma coisa que Deus deseja, agindo de modo a propiciar a manifestação da santidade de Deus.
 
     Os nomes de Deus contêm todos os seus atributos e, manifestam tudo o que Deus é.
     Os servos de Deus deveriam transmitir ao mundo a santidade, a glória e a justiça de Deus.
     Muitos cristãos conhecem a doutrina bíblica, mas não aplicam a filosofia cristã em suas vidas.
     Este é um cristianismo teórico, intelectual, não atinge o espírito humano, não há Novo Nascimento.
     O Evangelho é para ser praticado e não apenas ser conhecido teoricamente. Se não buscarmos as libertações, curas e respostas para nossas dúvidas, se não compreendermos a soberania e o governo de Deus sobre a terra, sobre a Igreja e sobre nossa vida, por cegueira espiritual, incredulidade e falta de temor, ficaremos impossibilitados de ser testemunhas de Deus no mundo. Ezequiel 36:22-23, Isaías 44:8.
 
     “... porque vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça”. Isaías 44:8b.
 
     “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós e ser-me-eis testemunhas...”. Atos 1:8a.
 
     Exemplo: O nome de Deus não deve ser utilizado por hábito ou por brincadeira.
     Não é certo falar a qualquer hora: “Ai meu Deus”, “Misericórdia”, ou “Glória a Deus” como exclamação de espanto, “Vai com Deus”, mecanicamente, sem estar sentindo a verdade das palavras que profere. Também é comum ameaçar crianças em nome de Deus: “Deus vai castigar-te”.
     Tudo isso é uso do nome de Deus em vão. É quebra do primeiro mandamento, porque faz parte da Lei de Deus a ordem:
 
     “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. Êxodo 20:7.
 
     Santificar o nome de Deus é a expressão do temor e do desejo de proclamar ao mundo que Deus é Santo e que no Nome de Jesus há poder.
 
9.2 – “VENHA O TEU REINO”
 
     A Igreja não é a totalidade do Reino de Deus, porém, é parte integrante dele e é a única representante comissionada a estabelecer o Seu Reino na terra. Essa honra dada à Igreja é muitas vezes desprezada por desconhecimento, ignorância e distorção da Palavra de Deus. A esperança da Igreja é o estabelecimento do Reino com a Volta de Jesus.
 
     Cada vez que oramos, testemunhamos, pregamos o Reino de Deus.
 
     Todas as profecias sobre o nascimento de Jesus, no Antigo Testamento, tiveram seu cumprimento com João Batista que anunciava a chegada do Reino.
 
     Jesus também dizia:
     “É chegado a vós o Reino de Deus” e “O Reino de Deus está entre vós”.
     Mateus 3:2; 4:17; Lucas 10:9; 11:20  e  17:21.
 
     Jesus, ao incluir na Oração do Pai Nosso, essa petição sobre o Reino, está a advertir-nos que, ao orarmos, devemos sempre expressar o nosso desejo de ver o Reino de Deus instalado definitivamente.
 
     Venha o Teu Reino é premissa básica, não pode faltar na oração.
     A cada passo dado pela Igreja, o Reino de Deus vai sendo estabelecido.
     A expansão do Reino de Deus, é uma das responsabilidades da Igreja que, para tal está capacitada com a armadura de Deus. Efésios 6:10-18.
 
     Só existem dois reinos: o reino deste mundo e o Reino de Deus. O primeiro é terreno o segundo é espiritual.
 
     “Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno”. I João 5:19.
 
     “A inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do espírito é vida e paz”. Romanos 8:6-8.
 
     “A carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne e estes, opõem-se um ao outro”. Gálatas 5:17.
 
9.3 – “SEJA FEITA A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU”
 
     Orar de acordo com a vontade de Deus é um princípio e uma condição básica de uma oração aceitável. A vontade natural do homem é oposta à vontade de Deus.
 
     Para que Deus possa realizar a sua vontade na terra, precisa da participação efectiva da Igreja, porque ela é o canal que Deus escolheu para manifestar a sua sabedoria.
 
     O servo de Deus precisa entender que a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita”. Depois desejar a Sua vontade mais do que sua própria; só então conhecerá a vontade de Deus para, finalmente, executá-la. Esse é um processo que se desenvolverá primeiro na vida de cada um, para depois expandir-se na vida da Igreja como um todo. À medida que a Igreja vai entendendo a vontade de Deus, poderá, pela oração de autoridade, interferir nos problemas da nação.

     Este não é um assunto simples, é de grande complexidade, pois envolvem preferências políticas, desejos pessoais, amizades etc., que precisam estar sintonizadas com o pensamento de Deus. E, para que a vontade de Deus se realize, as preferências pessoais (vontade, emoções e mente natural) precisam ser abdicadas em favor do pensamento de Deus.
 
     Quando o crente estiver em condições de despojar-se dos seus próprios pensamentos em favor da vontade de Deus, em submissão, então poderá orar:
“Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”. Mateus 6:10.


Quatro pedidos referentes aos discípulos de Jesus.
•          O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
•          Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
•          Não nos deixes cair em tentação;
•          Livra-nos do mal.
 
9.4 – “O PÃO NOSSO DE CADA DIA DÁ-NOS HOJE”
 
     Essa petição trata do provisão de uma necessidade física diária do homem. Com esse ensinamento, o crente pode aprender a confiar no Senhor, a cada momento e a desejar o necessário, para sua manutenção. Mateus 6:31-34.
 
     No deserto, o maná descia junto com o orvalho, diariamente, para alimentar o povo, Números 11:9, até que o povo entrou em Canaã e passou a comer do fruto da terra. Josué 5:12.
 
     A provisão era diária. O povo era aconselhado a recolher a porção de apenas um dia, o suficiente para toda a família. Aquele que recolhesse em excesso seria obrigado a atirar fora no dia seguinte. Aos sábados, a porção era dobrada e não se estragava. Milagre de Deus no deserto.

     Deus quer operar o mesmo, nos dias de hoje, e está à espera que a Igreja confie, na Sua provisão, para operar as maravilhas do seu cuidado e amor por nós.
 
     “Cada um colhia conforme  o que podia comer”. Êxodo 16:21.
 
     Os milagres da multiplicação dos pães mostram Jesus preocupado em suprir as necessidades básicas do homem: tanto espirituais quanto físicas.
     A Palavra de Deus ensina que cada um deve contentar-se com o que possui sem ambição de coisas altas, somente o necessário à vida. Mateus 6:25-34; Marcos 4:18-19; Hebreus 13:5-6 e Provérbios 30:7-10.
 
     Pedir o pão de cada dia lembra-nos, também, a necessidade diária de alimentar nossa alma com o pão do céu. Os bens materiais não podem preencher o vazio da alma, porque o alimento da alma é imperecível e espiritual. Mateus 6:19-21.

     Jesus se denominou o Pão da vida:
     “Eu sou o pão vivo que desceu do céu, se alguém comer desse pão viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”. João 6:50-57.
 
9.5 – “PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES”
 
     Essa oração contém uma condição essencial a um bom relacionamento do homem com Deus: o perdão. Para estar bem com Deus, o crente precisa estar bem com o seu semelhante.
 
     “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e aborrece o seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus a quem não viu?  ... quem ama a Deus, ame também a seu irmão”. I João 4:20-21.
 
     Todos os homens são devedores para com Deus, porque todos descendem de um só homem - Adão, que desobedeceu, tornando-se independente de Deus. Toda a humanidade recebeu a herança resultante deste acto.
 
     “Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”.  Romanos 3:23.
 
     “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso todos pecaram”. Romanos 5:12.
 
     O homem desafiou a Deus, quando O rejeitou, transgredindo o Seu mandamento.
     A desobediência e a rebeldia são as dívidas que o homem tem com Deus. Ninguém tem condições de pagar o preço devido, por si mesmo e nenhum homem pode resgatar outro homem porque todos estão na mesma condição diante de Deus. Foi por esse motivo que Deus fez-se homem na pessoa de Jesus Cristo pagando, Ele mesmo com seu sangue, tão grande dívida.
     Esse perdão de Deus é que capacita o crente a perdoar. É um assunto espiritual. Está realizado. Não há argumentos contrários.
 
     Perdão é um acto de fé. É uma questão de atitude, não de sentimentos ou emoções. Perdoar é um acto consciente, uma decisão tomada a “sangue frio”, não apenas para a pessoa se livrar de um peso ou pressão, mas para ser liberto do ódio, dos sentimentos de vingança e livre para amar o outro, ficando bem com Deus.
 
     O perdão é um acto de difícil prática porque pressupõe humilhação. A pessoa que pede perdão ao outro, está a colocar-se em posição inferior. A Bíblia diz:
 
     “Humilhai-vos perante o Senhor e Ele vos exaltará”. Tiago 4:10
     “o que a si mesmo se humilhar será exaltado”. Mateus 23:12.
     “Humilhai-vos pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte”.
     I Pedro 5:6.
 
     A falta do perdão ocasiona graves consequências para os dois lados, porque as bênçãos de Deus, sobre ambos, estarão retidas até que haja uma atitude de perdão.
     Sem perdão, as consequências agravam-se, à medida que o tempo passa. Ansiedade, medo, fraqueza na fé, estacionamento espiritual, enfermidade física.
 
     A Bíblia é tão forte em relação ao perdão, que propõe que, a pessoa ofendida, deve procurar quem a ofendeu e declarar-lhe que está magoada, para que possa haver os acertos mútuos. Muitas vezes a pessoa não teve intenção de magoar e é importante que ela saiba que pode ferir alguém com seu modo de relacionar-se com o outro, com brincadeiras de mau gosto, palavras de críticas diante dos outros, ou acusações por algo não praticado, suspeita, preconceito e tantas outras coisas.
 
     “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão”. Mateus 18:15.
 
     Sempre que houver entre as pessoas inimizade, ofensas, mágoas, tristeza, deve haver um lugar para o perdão, quantas vezes forem necessárias.
 
     “Então Pedro, aproximando-se dele (Jesus), lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?  Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete vezes, mas, até setenta vezes sete”. Mateus 18:21-22.
 
     A capacidade de perdoar é adquirida com a prática até que a pessoa alcance o ponto em que uma ofensa não lhe causará reacções negativas. Um coração perdoador, alcança o poder de perdoar antecipadamente.
     Qual o sentido das palavras de Jesus a Pedro?
     “Setenta vezes sete”?
 
     O perdão precisa fazer parte da natureza do homem, de tal forma que não haja mais limites, nem condições, nem circunstâncias que impeçam o fluir do amor de Deus. Perdoar é uma atitude a ser adquirida e mantida durante toda a vida.
 
     Perdoar sempre, é uma recomendação de Jesus a todos os homens que buscam a paz e desejam viver bem com todos. Para os que escolheram aceitá-lo como Salvador, é uma questão de obediência aos seus mandamentos.
 
9.5 – “NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO”
 
     A verdadeira compreensão, a respeito da tentação, pode ser encontrada na carta de Tiago, que diz:
 
     “Ninguém sendo tentado, diga: de Deus sou tentado; porque Deus não  pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado,  quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”.
     “Havendo a concupiscência concebido (período de gestação) dá à luz o pecado e o pecado gera a morte”. Tiago 1:13-15.
 
     Este texto apresenta-nos um processo completo desde o início até a efectivação de uma tentação.
 
     Há um provérbio que diz: “Você não pode evitar que um pássaro pouse na sua cabeça, mas pode evitar que ele faça ninho”.
 
     Cair, em tentação, é chegar à prática das sugestões mentais.
     A pessoa não pode evitar o surgimento de pensamentos contrários a Deus e à Sua palavra, mas todo o homem é capaz  de disciplinar a sua mente, a ponto de poder reverter e mudar o curso dos seus pensamentos. Esta é uma atitude a ser tomada por todo aquele que crê em Cristo e em sua Palavra.
 
     Há dois aspectos, na questão da tentação e sua origem:
 
9.5.1 – Primeiro:
Satanás, inimigo e opositor permanente, tenta levar o homem a transgredir a Lei de Deus.   Esses ataques têm como alvo, as emoções, a mente e a vontade do homem, atraindo-o a praticar actos contrários à Palavra de Deus.
 
“Digo porém: andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis”. Gálatas 5:16-17.
 
“Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno”. I João 5:19.
 
Exemplo: O caso de Davi e Bete-Seba. O rei foi primeiramente, atraído pelo olhar, depois desejou (emoções) então planeou (mente) e, finalmente executou a sua vontade. II Samuel 11 e 12:1-24.
Não devemos esquecer o final da história: a dificuldade do rei em reconhecer seu erro, a aceitação da repreensão feita pelo profeta e seu arrependimento. (Salmos 51.)

A Bíblia refere-se muitas vezes e em detalhes ao problema da tentação e do pecado. A importância que a Palavra de Deus dá a esse assunto, deve-se ao fato seguinte: O servo de Deus, já está livre da raiz de sua natureza pecaminosa e está capacitado a não pecar.
 
Isto significa que, o crente tem condições de conduzir a sua vida:
•          Dizer não, a tudo o que o afasta de Deus;
•          Evitar práticas que prejudiquem outros e a si mesmo;
•          Assumir a responsabilidade de todos os seus actos;
•          Aprender a depender unicamente de Deus.
 
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós” “Porque a lei do espírito de vida em Cristo Jesus , me livrou da lei do pecado e da morte” Romanos 6:14 e 8:2.
 
9.5.2 – Segundo:
As provas acontecem, para o fortalecimento da fé. Tiago 1:2-3.
No caso das provas e tentações a que a todos os crentes são submetidos, há sempre a necessidade de se tomar uma decisão: submissão ou a quebra da Lei de Deus. Ainda que muitas vezes as duas palavras sejam usadas como sendo semelhantes, existe uma diferença entre uma prova e uma tentação.
Uma provação é independente da vontade; a tentação, só será levada a efeito com a escolha da pessoa. O crente pode tomar a decisão de não pecar, porque está equipado para tal. O fortalecimento da nossa fé nos irá aperfeiçoar para sermos semelhantes a Ele.
“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5:48.
 
“Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente”. I Coríntios 12:31.
 
Deus sabe o limite de cada um e permite somente o que podemos suportar. Quando entendemos os acontecimentos na nossa vida como meios que Deus usa para alcançarmos a perfeição encontramos a saída no “fim do túnel”, olhando para a luz que brilha adiante. Caminhamos seguros.
A luz é Jesus.
 
“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape para que a possais suportar”. I Coríntios 10:13.
 
A cada vitória alcançada, sobre as provas e tentações, estaremos mais fortalecidos na fé e compreendendo um pouco mais sobre os mistérios e segredos de Deus, sobre Sua grandeza e majestade, sobre Sua soberania no governo do mundo e no destino da humanidade
 
Também se torna mais visível a nossa fragilidade, limitação e impossibilidade de vivermos sem uma direcção. Então podemos dizer como João Batista e como Paulo ou como os mártires:
 
“É necessário que Ele cresça e que eu diminua”. João 3:30.
 
“Quando estou fraco então sou forte”. II Coríntios 12:10b.
 
“Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças,  na batalha se esforçaram...”.  Hebreus 11:33-34.
 
Há um caminho longo a ser percorrido entre o conhecimento das doutrinas básicas do cristianismo e a vida abundante, a que todos os que crêem, têm livre acesso.
É propósito do Pai, que todos os seus filhos estejam em condições de receber as suas promessas, livramentos, curas e libertações dos males do mundo. O cristão está sujeito aos problemas e questões existenciais, comuns a todo o ser humano.
Entretanto, nós podemos ver tais problemas como experiências que vão sendo acumuladas, para o nosso aperfeiçoamento, fortalecimento da fé e conhecimento mais profundo de Deus como um Pai, que disciplina o filho para o seu próprio bem.
 
“A tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, a experiência a esperança e a esperança não traz confusão, porque o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” Romanos 5:3-5.
 
Jesus previne Pedro sobre a tentação que sofreria e lhe disse:
 
“eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E, tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”. Lucas 18:31-34.
 
Essa provação, na vida de Pedro serviu para a sua real conversão, conhecimento de Deus e amadurecimento como pessoa.
 
Na Prática…

•          Quem estiver a passar por provações ou a sofrer tentações; deve examinar qual tem sido o seu pensamento:
•          Reconhece que sua fé está a ser provada e está a aguardar o livramento de Deus?
•          Está desanimado? Acomodado? Revoltado?
•          Está triste? Sente-se abandonado até por Deus?
•          Pensa que a culpa é do outro?
•          Parece que está a sofrer injustiça? Que todo o mal só acontece a si?
•          Pensa que o ímpio blasfema e não recebe as consequências? Afinal, Deus é Justo?
•          Conduzir os que se identificam com a negação das provas, a fazerem declarações de confiança em Deus e a se despojarem dos pensamentos negativos.

Exemplo de declarações que devem ser feitas:
•          Deus é fiel e sua Justiça é eterna;
•          O nome de Jesus é: “Senhor, Justiça nossa”.
•          Deus tem tudo sob seu controle;
•          Deus não permite nada além das minhas forças;
•          Tudo contribui para o bem dos que amam a Deus;
•          Os impossíveis ao homem são possíveis a Deus;
•          Mais forte é o que está comigo do que o espírito que está no mundo;
•          Sou um vencedor por Cristo Jesus;
•          Quando estou fraco, então sou forte;
•          O sacrifício da Cruz, é a garantia da minha vitória;
•          A ressurreição de Cristo é a certeza de que o meu sofrimento é por um pouco de tempo.  

9.6 – “LIVRA-NOS DO MAL”
 
     O mal, personificado, está sempre em luta contra o povo de Deus, porque Satanás, o adversário de Deus, odeia tudo o que Deus ama e tenta subverter a criação e a natureza. Quando uma pessoa se converte, é transferida do domínio do Mal para o Reino de Deus. Satanás é destituído do domínio que tinha sobre aquela vida. Esse é o verdadeiro motivo das lutas espirituais. São tentativas que o inimigo faz, para trazer as vidas de volta ao seu controle.
 
     Lucifer confunde, engana e manipula as mentes daqueles que escolheram cooperar com ele, consciente ou ignorantemente, participando da expansão do reino deste mundo.
 
     Jesus ensinou-nos a pedir o livramento do Mal e, pessoalmente, orou nesse sentido:
 
     “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. João 17:15.
 
     O mal, não é apenas um sentimento, é real e personificado. O crescimento do mal, que vemos hoje na terra, é o resultado da materialização dos pensamentos de Satanás. Qualquer um, hoje em dia, está sujeito a ser surpreendido por uma bala perdida, por assaltos em casa, no autocarro, na rua, etc.

     Actualmente, as pessoas em pânico, aprendem a defender-se fisicamente, andam armadas, ou com seguranças. Todos estamos assustados, prevenidos, perplexos. O cristão, precisa andar debaixo da protecção do Senhor e pedir, diariamente: “livra-me do mal” porque esta luta…

     “não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Efésios 6:12.
 
     O servo do Senhor sabe que, na Cruz, Satanás foi despojado de seus poderes e exposto publicamente. Colossenses 2:15.
     Portanto, somente aquele que está em Cristo, é verdadeiramente, livre do mal. A vitória final já está garantida por Jesus. 2 Pedro 2:9.
     O Mal foi cortado pela raiz. Com a morte de Cristo, na Cruz, Satanás foi julgado e condenado. Mateus 25:41; Colossenses 2:15; Hebreus 2:14.
 
     “... para que pela morte aniquilasse o império da morte, isto é, o diabo”. João 2:14b.
 
     “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo”. João 12:31.
 
     “E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado”. João 16:11.
 
     Há males, que podem ser evitados. É o que resulta de imprudência, descuido, curiosidade excessiva, dormir pouco, comer fora de horário, expor-se demais ao sol, conduzirr em alta velocidade, envolver-se em discussões alheias, trabalhar ou agarrar em pesos além das forças, tentar ultrapassar limites sem nenhuma segurança e sem finalidade.
     Cada um precisa ter sempre em mente que, apesar de estar exposto a tentações e ciladas do inimigo, pode contar com o livramento e a protecção que vem de Deus, sem a qual ficamos indefesos.

     Pânico é uma doença que resulta do medo não tratado. A guerra, contra Satanás e seus demónios, é espiritual. Só estaremos preparados para essa batalha, se nos revestirmos da armadura do cristão: verdade, justiça, paz, fé, capacete, espada e oração. Efésios 6:10-18.
 
10 – DOXOLOGIA

(TEU É O REINO, O PODER, E AGLÓRIA PARA SEMPRE. AMÉN - Mateus 6:13b.)
 
     A doxologia é um poema de louvor a Deus, que pode iniciar ou finalizar uma oração, ser um cântico isolado ou uma declaração espontânea de louvor. O encerramento desta Oração com uma doxologia, mostra-nos a importância do louvor como aceitação da soberania de Deus.

     Louvor significa o reconhecimento e a gratidão, não apenas pelo que Deus faz, mas principalmente, pelo que Deus É. Com o louvor, a Igreja declara a soberania de Deus e coloca-se em posição de submissão a Ele, manifestando a sua certeza, fé e confiança de que Deus realizará tudo o que prometeu.
 
     A Palavra de Deus estimula o homem a louvar, porque Deus “habita no meio dos louvores” e a Igreja é recompensada, com a bênção da Sua presença. Quando o homem adora a Deus, é elevado de sua condição humana, a “lugares celestiais”, porque, a adoração, é a comunhão do espírito humano com o Espírito de Deus.
 
     Aprouve a Deus, reflectir a Sua imagem e despertar o espírito do homem, restaurando a comunicação perdida. É esse o motivo pelo qual somente os que provaram o Novo Nascimento, podem louvar a Deus com entendimento.

     Jesus disse à mulher samaritana:
 
     “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade Porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito,  e importa que os verdadeiros adoradores o adorem em espírito e em verdade”. João 4:23-24.
 
E, em outro lugar, a Bíblia diz:
 
     “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu Nome”. Hebreus 13:15.
 
     “O louvor é a evidência do invisível”.
     “O louvor é a matéria prima, nas mãos de Deus, com a qual são confeccionadas as vitórias do crente”.
 
     O texto de Hebreus e mais outros, como Salmos 107:22 e 116:17, mostram que o louvor, é recebido, por Deus, como uma oferta voluntária do homem a Ele.
     A Lei continha mandamentos em relação aos rituais que eram oferecidos à Deus, diariamente, pelo Sacerdote.
     Os sacrifícios tinham duas finalidades: eliminar a culpa e reaproximar o pecador de Deus. Ao mesmo tempo em que o sacrifico era uma exigência de Deus, era também, um sinal de obediência a Deus, por parte do homem.
 
     Desde que Jesus veio ao mundo, cumprindo as exigências da Lei, não houve mais necessidade dos sacrifícios obrigatórios, porque, tanto o assunto da culpa, como do acesso a Deus, foram resolvidos, de uma vez por todas. Jesus foi, ao mesmo tempo:
•          O Sacrifício: “O Cordeiro que tira o pecado do mundo”;
•          O Sacerdote: “O que nos apresenta, sem culpa, a Deus”.
 
     Por que, então, o louvor é considerado como um sacrifício?
     O louvor mostra a nossa liberdade, a espontaneidade e o prazer que temos em louvá-lo. É uma oferta, não mais obrigatória, como na Lei, mas, voluntária.
     O louvor contém uma reciprocidade: enquanto o crente louva, recebe de Deus o refrigério da alma, em libertações, curas, renovação das suas energias e alimento espiritual para a sua fé.
     Não é ofertar para receber em troca, isso se aplica tanto ao louvor como aos dízimos e ofertas, e à doação do nosso serviço. Se a pessoa pensa que louvar é apenas dizer palavras decoradas, para receber de Deus alguma coisa, engana-se, porque o Senhor não faz permuta/troca. Ele conhece as intenções do nosso coração.
 
     “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer...”. Gálatas 6:7a.
 
     “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não
desprezarás, ó Deus”. Salmos 51:17.
 
     “Porque eu quero misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que
os holocaustos”. Oséias 6:6.
 
     O louvor é indispensável à vida do crente.
     O Senhor Jesus, finaliza a oração modelo, com este hino de louvor, ensinando ao crente, que o louvor perfeito é a declaração de reconhecimento da soberania e magnificência de Deus.
 
     Impedimentos ao louvor:
•          Falta de convicção sobre a soberania e o governo de Deus;
•          Suspeitar da Justiça e da Verdade;
•          Insatisfação com a Igreja e sua liderança;
•          Falta de perdão;
•          Dúvidas não resolvidas;
•          Má vontade ou indisposição para louvar.
    
     Quem se sentir enquadrado em algum desses itens deve orar despojando-se das suas questões e recebendo a libertação para louvar e receber de Deus a verdade sobre sua vida.
 
     “Teu É o Reino, o poder e a Glória”.
   
     Este é o hino de louvor, que encerra a Oração; pode ser dividido em três partes:
•          Teu é o Reino;
•          Teu é o poder;
•          Tua é a glória.
 
10.1 – O REINO
 
     Os reinos da terra são limitados, guerreiam entre si por fronteiras, limites aéreos, áreas de acção.
 
     Os mais fortes dominam os mais fracos. É parte da história do mundo, as conquistas das grandes potências: Dario e Ciro-Pérsia; Hitler-Alemanha; Lenin-Rússia.

 
    “O Teu Reino é um Reino eterno; o Teu domínio estende-se a todas as gerações”. Salmos 145:13.
 
     “Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém”. I Timóteo 1:17.
 
     O reino de Deus é eterno e a sua expansão, na terra, fica na dependência do trabalho da Igreja, que é a representante de Deus. Salmos 145:12-13; Efésios 3:8-10.
 
     Em contra partida, o reino deste mundo está nas mãos de Satanás, que mantém sucursais em toda a terra com a administração dos seus demónios.
 
     Actualmente muitas pessoas, que rejeitaram o plano de Deus para as suas vidas, associaram-se a Satanás, que se engrandecerá até à instalação do seu reinado na terra, com o anticristo.
 
     Aparentemente estamos assistindo a vitória do Mal sobre o Bem. Por um pouco de tempo o Senhor dos senhores, o Deus dos deuses, permitirá esse acontecimento na terra até que a sua ira seja derramada e o juízo, que é a execução do Seu julgamento, destrua tudo o que se opõe contra seus desígnios e a sua soberania.
 
     O Reino de Deus, restaurará todas as coisas como eram no princípio da criação. O reino de Deus é eterno. O seu domínio estende-se de geração em geração.
 
     “Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus santos te bendirão. Falarão da glória do teu reino e relatarão o teu poder, para que façam saber aos filhos dos homens as tuas proezas e a glória do teu reino”. Salmos 145:10-12.
 
     A Igreja fiel, e todo aquele que perseverar até o tempo em que se cumprirão todas as palavras destas profecias bíblicas, reinarão com Cristo, porque Jesus voltará! Jesus Reinará!
 
   
10.2 – O PODER
 
     “Uma coisa disse Deus duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus”. Salmos 62:11.
 
     A Omnipotência é um dos atributos de Deus; faz parte da Sua natureza, assim como a Justiça a  Verdade e a Misericórdia. O poder de Deus não está limitado aos Seus actos poderosos.
 
     As obras, de Deus, manifestam a Sua Glória. Ler o Salmo 150.
•          Poder de criação;
•          Poder de vida;
•          Poder de morte;
•          Poder de ressurreição;
•          Poder de julgar os vivos e os mortos.
 
     O homem precisa reconhecer a Omnipotência e a Soberania de Deus para seu próprio bem, e para que haja temor em seu coração. Assim, será sábio para entregar-se à direcção de Deus, em obediência e submissão à Sua vontade.
 
     “O temor do Senhor é a sabedoria e apartar-se do mal é a inteligência”. Jó 28:28.
 
     “O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem”. Salmos 111:10.
 
     Deus nomeia a Igreja como Sua representante na terra. Quando a Igreja manifestar ao mundo qual a verdadeira fonte da sua força, então, a Glória de Deus será vista em toda a terra.
 
10.3 – A GLÓRIA
 
     “Estando ele ainda a falar, uma nuvem luminosa os cobriu, e da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. A ele ouvi! Os discípulos, ouvindo isto, caíram com o rosto no chão, tomados de grande medo”. Mateus 17:5-6.
 
     “Apareceu-lhes um anjo do Senhor, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e foram tomados de grande temor”. Lucas 2:9.
 
     A Glória do Senhor encheu o Tabernáculo e, mais tarde com a construção do templo, a Sua Glória permaneceu no Santo dos Santos entre os querubins. Diante da Glória do Senhor o homem teme e treme, fica sem palavras. É algo nunca visto e independente da vontade do homem. Quando Jesus veio à terra, manifestou a Glória de Deus.
 
     “O Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14.
 
     A natureza proclama a Glória de Deus.
 
     “Os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos”.
     Salmos 19:1.
 
     “Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras!... ... Cheia está a terra das tuas riquezas”
      Salmos 104:24.
 
     “Os campos cobrem-se de rebanhos e os vales vestem-se de trigo”. Salmos 65:13a.
 
     A Glória de Deus não pode ser provocada pelo homem e só se manifestará quando os feitos do homem e da Igreja estiverem sintonizados com os propósitos de Deus.
•          Moisés pediu para ver a Glória de Deus e o Senhor lhe disse:
 
     “Não poderás ver a minha face porquanto nenhum homem verá a minha face e viverá”.
     Êxodo 33:20.
 
•          O rosto de Moisés resplandeceu quando desceu do Sinai após 40 dias e noites na presença do Senhor. Era o reflexo da Glória de Deus. Êxodo 34:29-35.

•          A presença de Deus era visível na nuvem e no fogo que serviam de direcção e protecção do povo no deserto por 40 anos. Êxodo 13:21; Salmos 105:39 e outras referências.
 
     A Glória do Senhor apareceu:
•          Na consagração do Templo de Salomão, após a Oração feita pelo Rei.
II Crónicas 7:1-3.
 •         Na reconstrução do 2º Templo, a presença do Senhor desceu. Esdras 3:12-13;
 Ageu 2:1-9.
•          No livro de Ezequiel pode-se perceber o movimento da Glória de Deus nas seguintes etapas:
            • O profeta descreve a visão que teve da Glória de Deus. Cap. 1.
• A Glória do Senhor aparece ao profeta no vale. Cap. 3:23.
• Desde a reconstrução do Templo, a glória do Senhor permaneceu no Santo dos Santos, sobre a Arca da Aliança.
• Por causa das abominações feitas no Templo, a glória de Deus levantou-se de onde estava e parou na porta de entrada, dando instruções a um anjo. Cap. 9:3-4 e 10:4.
• Os querubins levam a Glória de Deus até a porta oriental do Templo. Cap. 10:18-19.
• Os querubins saem com a Glória de Deus, sobre eles e pousam no monte ao oriente da cidade. Cap. 11:22-23.
• O retorno da Glória do Senhor ao átrio interior do Templo é narrado em Ezequiel 43:1-5.

     A manifestação da Glória de Deus, nos dias de hoje, está condicionada ao lugar em que a Igreja deve estar ao cumprir os propósitos de Deus. Foi à Igreja que Deus delegou a responsabilidade de mostrar a o mundo, a grandeza de Sua majestade e sabedoria. Isso só será feito através da Unidade entre os filhos de Deus.
 
     “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti. Que eles também sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um: Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste  a mim,  e que os tens  amado a eles como me  tens  amado a mim”. João 17:21-23.









11 - 23 ELEMENTOS DO PAI NOSSO.
1.      Relacionamento: Pai Nosso
2.      Reconhecimento: que estás nos céus
3.      Adoração: santificado seja o teu nome
4.      Antecipação: venha o teu reino
5.      Consagração: seja feita a tua vontade
6.      Universalidade: assim na terra
7.      Conformidade: como no céu
8.      Necessidade: o pão-nosso de cada dia
9.      Súplica: nos dá
10.  Definição: hoje
11.  Penitência: e perdoa-nos
12.  Favor: as nossas dívidas
13.  Perdão: assim como nós perdoamos
14.  Amor e misericórdia: os nossos devedores
15.  Liderança: e não nos induzas
16.  Protecção: à tentação
17.  Salvação: mas livra-nos
18.  Justiça: do mal
19.  Fé: porque teu é o reino
20.  Humildade: e o poder
21.  Reverência: e a glória
22.  Eternidade: para sempre
23.  Afirmação: Ámen!


12 - A ORAÇÃO EFICAZ
1Rs 18:42b-45 “E Acabe subiu a comer e a beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou por terra, e pôs o seu rosto entre os seus joelhos.
E disse ao seu servo: Sobe agora, e olha para o lado do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada. Então disse ele: Volta lá sete vezes.
E sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem, subindo do mar. Então disse ele: Sobe, e dize a Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te impeça.
E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro, e foi para Jizreel.”


A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor. Além de palavras como “oração” e “orar”, essa actividade é descrita como invocar a Deus (Sl 17:6), Invocar o nome do Senhor (Gn 4:26), clamar ao Senhor (Sl 3:4), levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25:1), buscar ao Senhor (Is 55:6), aproximar-se do trono da graça com confiança (Hb 4:16) e chegar perto de Deus (Hb 10:22).

12.1 - MOTIVOS PARA A ORAÇÃO

A Bíblia apresenta motivos claros para o povo de Deus orar.

12.1.1 - Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore. O mandamento para orarmos vem através dos salmistas (1Cr 16:11; Sl 105:4), dos profetas (Is 55:6; Am 5:4,6), dos apóstolos (Ef 6:17,18; Cl 4:2; 1Ts 5:17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26:41; Lc 18:1; Jo 16:24). Deus aspira a comunhão connosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.

12.1.2 - A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das Suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11:5-13). Por isso, depois da ascensão de Jesus, seus seguidores reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (At 1:14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1:8) no dia de Pentecostes (At 2:1-4). Quando os apóstolos se reuniram após serem libertos da prisão pelas autoridades judaicas, oraram fervorosamente para o Espírito Santo lhes conceder ousadia e autoridade divina para falarem a palavra d’Ele. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4:31). O apóstolo Paulo frequentemente pedia oração em seu próprio favor, sabendo que a sua obra não prosperaria se os crentes não orassem por ele (Rm 15:30-32; 2Co 1:11; Ef 6:18, 20; Fp 1:19; Cl 4:3,4. Tiago declara inequivocamente que o crente pode receber a cura física em resposta à “oração da fé” (Tg 5:14,15).

12.1.3 - Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus “limita-se” às orações santas, de fé e incessantes do seu povo. Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração intercessória dos crentes (ver Êx 33:11). Por exemplo: Deus quer enviar obreiros para evangelizar. Cristo ensina que tal obra não será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de Deus sem as orações do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9:38). Noutras palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus propósitos é libertado somente através das orações contritas do seu povo em favor do seu reino. Se não orarmos, poderemos até mesmo impedir a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja colectivamente.

13 - REQUISITOS DA ORAÇÃO EFICAZ

Nossa oração para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.

13.1 - Nossas orações não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira. Jesus declarou abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc 11:24). Ao pai de um menino endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9:23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10:22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tg :6; cf. 5:15).

13.2 -  Além disso, a oração deve ser feita em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio ao dizer: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14:13,14). Nossas orações devem ser feitas em harmonia com a pessoa, carácter e vontade de nosso Senhor.

13.3 - A oração só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5:14). Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6:10; Lc 11:2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26:42). Em muitos casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele no-la revelou na Bíblia. Podemos ter certeza que será eficaz toda oração realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18:1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18:21-24).

13.4 - Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que pedimos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e sua justiça (ver Mt 6:33). O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1Jo 3:22). Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às orações. Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida recta, obediente e temente a Deus — tal qual o profeta Elias (Tg 5:16-18; Sl 34:13,14). O AT acentua este mesmo ensino. Deus tornou claro que as orações de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senhor e da sua lealdade a Ele (ver Êx 33:17). Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas orações (Sl 66:18; ver Tg 4:5). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as orações dos israelitas idólatras e ímpios (Is 1:15). Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2Cr 7:14; cf. 6:36-39; Lc 18:14). Note que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êx 26:33).

13.5 - Finalmente, para uma oração eficaz, precisamos ser perseverantes. É essa a lição principal da parábola da viúva importuna (Lc 18:1-7; ver 18:1). A instrução de Jesus: “Pedi... buscai... batei”, ensina a perseverança na oração (ver Mt 7:7,8). O apóstolo Paulo também nos exorta à perseverança na oração (Cl 4:2 nota; 1Ts 5:17). Os santos do AT também reconheciam esse princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em oração com suas mãos erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êx 17:11). Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em oração até a chuva começar a cair (18:41-45). Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Sarepta, até que sua oração foi atendida (17:17-23).

14 - PRINCÍPIOS E MÉTODOS BÍBLICOS DA ORAÇÃO EFICAZ

14.1 - Quais são os princípios da oração eficaz?
(a) Para orarmos com eficácia, devemos louvar e adorar a Deus com sinceridade (Sl 150; At 2:47; Rm 15:11;
(b) Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a acção de graças a Deus (Sl 100:4; Mt 11:25,26; Fp 4:6).
(c) A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à oração da fé (Tg 5:15,16; Sl 51; Lc 18:13; 1Jo 1:9).
(d) Deus também nos ensina a pedir de acordo com as nossas necessidades, segundo está escrito em Tiago: deixamos de receber as coisas de que precisamos, ou porque não pedimos, ou porque pedimos com motivos injustos (Tg 4:2,3; Sl 27:7-12; Mt 7:7-11; Fp 4:6). (e) Devemos orar de coração pelos outros, especialmente oração intercessória (Nm 14:13-19; Sl 122:6-9; Lc 22:31,32; 23:34).

14.2 - Como é que devemos orar?
 Jesus acentua a sinceridade do nosso coração, pois não somos atendidos na oração simplesmente pelo nosso falar de modo vazio (Mt 6:7). Podemos orar em silêncio (1Sm 1:13) ou em voz alta (Ne 9:4; Ez 11:13). Podemos orar com nossas próprias palavras, ou usando palavras directas das Escrituras. Podemos orar com a nossa mente, ou podemos orar através do Espírito (i.e., em línguas, 1Co 14:14-18). Podemos até mesmo orar através de gemidos, i.e., sem usar qualquer palavra humana (Rm 8:26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos inaudíveis. Ainda outro método de orar é cantar ao Senhor (Sl 92:1,2; Ef 5:19,20; Cl 3:16). A oração profunda ao Senhor será, às vezes, acompanhada de jejum (Ed 8:21; Ne 1:4; Dn 9:3,4; Lc 2:37; At 14:23; ver Mt 6:16).


15 - EXEMPLOS DE ORAÇÃO EFICAZ

A Bíblia está cheia de exemplos de orações que foram poderosas e eficazes.

15.1 - Moisés fez numerosas orações intercessórias às quais Deus atendeu, mesmo depois de Ele dizer a Moisés que ia proceder de outra maneira.

15.2 - Sansão, arrependido, orou pedindo uma última oportunidade de cumprir sua missão máxima de derrotar os filisteus; Deus atendeu essa oração ao dar-lhe forças suficientes para derrubar as colunas do prédio onde os inimigos estavam exaltando o poder dos seus deuses (Jz 16:21-30).

15.3 - Deus respondeu às orações de Elias em pelo menos quatro grandes ocasiões; em todas elas redundaram em glória ao Deus de Israel (17-18; Tg 5:17,18).

15.4  - O rei Ezequias adoeceu e Isaías declarou-lhe que morreria (2Rs 20:1; Is 38:1). Ezequias, reconhecendo que sua vida e obra estavam incompletas, virou o rosto para a parede e orou intensamente a Deus para que prolongasse sua vida. Deus mandou Isaías retornar a Ezequias para garantir a cura e mais quinze anos de vida (2Rs 20:2-6; Is 38:2-6).

15.5 - Não há dúvida de que Daniel orou ao Senhor na cova dos leões, pedindo para não ser devorado por eles, e Deus atendeu o seu pedido (Dn 6:10,16-22).

15.6 - Os cristãos primitivos oraram incessantemente a Deus pela libertação de Pedro da prisão, e Deus enviou um anjo para libertá-lo (At 12:3-11; cf. 12:5). Tais exemplos devem fortalecer a nossa fé e encher-nos de disposição para orarmos de modo eficaz, segundo os princípios delineados na Bíblia.